domingo, 21 de setembro de 2014

Longe de Casa

Pela primeira vez estou passando um tempo longe da minha casa. Fui convidado a trabalhar em Mossoró, uma cidade do interior do meu estado. Aceitei, com a cabeça de uma pessoa saudável e sem problemas, a mesma cabeça que está fazendo eu encarar meus dias desde que fiz a cirurgia. Mas já antes de sair para viagem a realidade do meu mundo com crohn voltam a tona e descubro que é a semana de pegar medicamento e também da infusão.

Consegui pegar a medicação, depois de passar bastante tempo na fila e acabar atrasando a viagem. Sobre como e onde tomar, peguei todas as orientações com meu médico e vim, crendo que não iria ter problemas.

Na véspera de tomar a medicação, liguei e descobri que não seria possível. Não sei porque, mas aqui em Mossoró eles exigem a presença de um hematologista para que a infusão seja realizada e o mesmo estava viajando e por isso teria que atrasar o meu tratamento. 

Não pensei duas vezes, voltei para Natal já sabendo que não seria possível tomar na clínica que normalmente faço porque tem poucas vagas e agendei na que fazia antigamente. 

Ao chegar lá, descubro que por questões burocráticas não seria possível me atender, mesmo tendo vaga e mesmo já tendo me agendado. Deram um jeito depois de falar em alto e bom som na minha frente de todos os presentes no local, como se eu fosse um menino buxudo, para não repetir isso. 

Eu realmente não entendo o que passa na cabeça das pessoas que trabalham com doentes. Eles acham que amamos fazer isso? que nosso sonho é ter que tomar medicamentos periodicamente? Realmente não sei. 

Só sei que consegui tomar e ainda consegui ir para festa de formatura de uma das minhas melhores amigas, que não deixou a desejar e me trouxe de volta a minha realidade, a realidade longe da doença. 

Agora estou de volta, estou em Mossoró e as coisas já não começaram bem. Precisei usar o banheiro, faltou água, a minha tia acordou, está lá embaixo nesse momento esperando a bomba por um pouco de água pra caixa e eu aqui com vergonha. Meu mundo crohn já tem dessas coisas. 

Até mais!!!


Um comentário:

  1. Ai,ai Arthur agente tem que rir pra não chorar, adorei essa "como se eu fosse um menino buxudo", e realmente é impressionante imaginar o que se passa realmente na cabeça dessas pessoas, mas sabe o que é, geralmente depois de tantas internações e exames de todos os tipos, e de burocracia e erros por todos os lados que temos que enfrentar nessa nossa vida, já senti que as pessoas que nos tratam assim são justamente aquelas que nunca ficaram doentes e não precisaram realmente sentir na pele o que sentimos, claro que sempre e graças a Deus também nos deparamos muitas vezes com pessoas super compreensivas e humanas nesse meio. Nessa minha última internação me deparei com muitas pessoas sem humanidade, mas em compensação também conheci verdadeiros anjos que sempre me ajudavam, e dessa forma as lembranças dessas pessoas iluminadas são mais fortes, superando as lembranças ruins.

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